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Influencer: você ainda vai ter um – 03/06/2025 – Claudio Manoel


Sabe aquela sensação que dá quando você vê e ouve uma baita multidão cantando cada sílaba daquele super hit de que você nunca ouviu falar nem ninguém cantar? Ou de se sentir o único que não tinha o menor conhecimento da existência do grande ídolo que você só soube que existia quando veio a triste notícia que ele deixou de existir?

Para mim, esse sentimento que mistura ignorância e não pertencimento tem ficado cada vez mais frequente. Principalmente depois do advento da criação da categoria profissional mais populosa do momento, que, por certo, já ultrapassou, em número de integrantes, setores como a siderurgia, o agro, a indústria do petróleo ou a automobilística: os influencers.

Se não são, parecem ser milhões, todos também com muitos milhões de seguidores. Portanto a culpa é minha; eu que estou por fora, desatualizado e faço parte da ínfima minoria que desconhece cerca de 100% dos new famosos, que faturam enormidades vendendo palpites, métodos, cosméticos, dicas, badulaques, conselhos, utensílios e influenciando influenciáveis a perderem as calças (e muito mais) nas garras dos tigrinhos e outros bichos online.

Se não fossem os casos de violência doméstica, atropelamentos de incautos, operações policiais deflagradas e depoimentos sobre suspeitas de enriquecimento suspeito, acho que minha bolha jamais seria furada e nunca saberia sequer o nome desses midiáticos e “imediáticos” profissionais.

Esses dias aconteceu de novo: no grupo de WhatsApp, supostamente dedicado ao futebol, surge o comentário: “Impressionante como só se fala do caso Virginia Fonseca e Zé Felipe”. E o comentário ao comentário: “Depois do vídeo do depoimento na CPI só se fala dela”.

De repente, o assunto tomou conta, com muitos participantes e pitacos. Senti um tipo de desconhecimento 3D/360 graus. Não sabia nem por onde começar. O que era o “caso Virginia Fonseca e Zé Felipe”? Quem eram Virginia Fonseca e Zé Felipe? Por que uma CPI queria o depoimento de Virginia Fonseca? Que CPI era essa? Será que algum parlamentar, assim como eu, não sabia quem era Virginia Fonseca? E por que não pediram o depoimento de Zé Felipe? Ou pediram e eu é que não sei?

Claro que uma rápida consulta em qualquer Google da vida resolve isso e do mais profundo alheamento passa-se a ser um expert do tema. Mas qual é a graça? Então, no lugar de pesquisar, resolvi inventar, criar uma minibiografia de cada um dos envolvidos, que pareça plausível ou não. Afinal, tanto faz.

Virgynia Phonseca (nascida Virginia Fonseca, mas que no ano passado assumiu uma nova identidade virtual para “separar a pessoa da personagem”) começou sua carreira de influenciadora com seu canal no YouTube onde dava dicas de maquiagem e cirurgias bariátricas caseiras. Contando com cerca de 50 milhões de seguidores, desmentiu, recentemente, que depois do estrondoso sucesso alcançado por suas empresas e produtos, pretenda expandir seus negócios invadindo a Bolívia ou desenvolvendo armas químicas.

Já Zé Phelipe (nascido Zé Felipe, mas que também resolveu usar um pseudônimo, para separar a pessoa de algo que ele não lembra mais o que era) é filho do cantor Leandro Leonardo e criador do rapagodenejo-plus, que mistura rap, pagode, sertanejo, batata palha e arroz à grega. Ele completa, ainda neste ano, sua centésima oitava tatuagem, sendo 15% em locais onde o sol não bate.

Viram como é fácil? Experimentem também.


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Fonte:UOL

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